Nessa edição, abraçando nosso futuro e aqueles que irão compô-lo e conduzi-lo, dedicamos nossa atenção às crianças. Você provavelmente conhece uma pessoa bem educada. Aquela pessoa que é gentil, cordial, que sabe conversar lhe dando a devida atenção, que valoriza seus sentimentos e sempre lhe ensina algo sem você perceber ou ter a sensação que está tendo uma aula. É uma pessoa que sempre queremos por perto por nos fazer tão bem não é? O que você acredita que faça essa pessoa ser desse jeitinho cativante? Será que é da pessoa mesmo, algo como carisma? Às vezes pode se tratar de uma característica do perfil da pessoa.
Mas vou lhe contar um segredo; e digo que é um segredo, pois normalmente as pessoas adoram contar “segredos” mesmo sendo segredos, e esse “segredo” seria bom que todos soubessem. Você acredita que esse perfil tão cativante pode ser condicionado? Pois é, nós chamamos isso de educação. E provavelmente você deva estar pensando na escola não é? Mas essa cuida prioritariamente da escolarização, que é o conjunto de conhecimentos aprendidos na escola.
A escolarização é uma parte do processo de formação educacional. E essa palavrinha é muito importante. Pois é muito comum confundirem informação e formação, achando que são sinônimos. Informar é oferecer ou introduzir uma forma em algo, algo como fazer um download no seu computador. Por exemplo, quando dizemos para uma criança: “Não faça isso” ou “Não pode”. Isso é uma informação, ela já vem pronta e a criança precisa obedecer ao comando.
No caso da formação é diferente, ainda no viés da educação infantil, seguindo o mesmo exemplo, quando a criança tem uma formação educacional o comando verbal se faz desnecessário, pois a criança já entende o que não deve fazer. Educar uma criança não é só informar, mas formar um ser humano capaz de ser pleno individual e socialmente.
Vou contar outro “segredo”, e esse também é para espalhar. Atualmente um ramo da ciência, chamada de neurociência, atesta o uso da meditação como ferramenta indispensável no processo da formação educacional. Essa prática milenar e de natureza laica (não religiosa) é um recurso de condicionamento de como o seu cérebro funciona. Algo como fazer musculação para ficar forte. É possível uma criança meditar sim! A prática da meditação pode ser aplicada aos poucos e de uma forma natural, pois a criança não “aprende” a meditar da noite para o dia. Por isso, o ideal é que haja uma evolução natural. No início, estimule a criança a meditar pelo menos um minuto por dia, por exemplo. Depois de ouvir uma história ou seguindo uma orientação passo a passo (meditação guiada). Você pode conduzir dizendo algo suave como: “Feche os olhinhos, pense no ar que está enchendo o seu peito, agora preste atenção no ar que está entrando, no ar que está saindo (repita mais vezes)”.
Sabe o que é mais legal? A meditação é uma forte aliada no desenvolvimento não só cognitivo, mas em diversos outros aspectos das inteligências múltiplas (social, matemática, musical...) como a inteligência emocional. Sabe o que é isso? Lembra que aprendemos que por mais que estejamos irritados, não podemos despejar nossa raiva nos outros? Ou que não adianta ficar ansioso (a) ou preocupado (a), pois não vai resolver nossos problemas? Pois é, não adianta muito só saber isso não é? A irritação, a ansiedade e a preocupação ainda estão lá.
O que precisamos é aprender a lidar com essas emoções, para que elas não tomem proporções demasiadas e incontroláveis. É tirar o melhor proveito dessas emoções, e acredite, há um lado bom nelas. Isso é inteligência emocional. Já pensou se aprendêssemos isso desde cedo? Imagine nossas crianças sendo educadas (formadas) para serem humanos mais dignos e sociais.
Mais plenos e capazes, nos quesitos respeito, empatia, criatividade, reflexão, autonomia individual e política... Além de uma melhor capacidade cognitiva, afinal de contas, praticamos meditação para aprender a pensar melhor. Pense nisso, se o mundo depender só de informação teremos uma sociedade robótica e antipática. Incentive a prática da meditação nas escolas, em casa, no seu bairro. Para um mundo melhor, seres humanos melhores. Feliz dia das crianças.
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Marcus Dutra